Bolsonaro está se lixando para Eduardo. É Carlos que o preocupa
Derrotado por Lula, hoje faz 30 dias, Bolsonaro perdeu a voz, a vontade de governar e o ânimo pela vida. Arriscou-se a perder Michelle, com quem está casado há 15 anos completados ontem. E afrouxou o estribo que mantinha presos a ele os seus filhos Zero.
Aí deu no que repercutiu muito mal entre seus seguidores mais fanáticos e radicais: enquanto eles enfrentam chuvas torrenciais em acampamentos à porta de quartéis clamando pela anulação das eleições, Eduardo Bolsonaro diverte-se e esbanja felicidade.
E logo onde? No Catar, sede da Copa do Mundo, na companhia da mulher, de uma penca de amigos, e torcendo pela vitória da Seleção Brasileira. Bolsonarista raiz, por força do hábito, veste a camisa da Seleção, mas não torce por ela. É o que eles dizem.
Torcer pela Seleção a essa altura só beneficia o PT e Lula, que venceram uma “eleição roubada”. É justamente por ter sido roubada que eles estão em pé de guerra e cobram uma intervenção militar que a cancele. Pedem também a prisão de Lula.
Não querem só isso. Querem o fechamento do Supremo Tribunal Federal e a prisão de meia dúzia de ministros; entre eles, Alexandre de Moraes, a quem Bolsonaro chamou de canalha no dia 7 de setembro do ano passado. Bolsonaro prometeu desobedecer às ordens dele.
Como continuarão fiéis ao Mito, e aos filhos do Mito, e a uma visão de mundo que eles souberam tão bem vender para convencê-los, quando o mais ideológico dos Bolsonaros faz o que Eduardo fez em ocasião de tamanho sofrimento coletivo?
“Inacreditável que estão no Catar, aderindo ao pão e circo, e o povo aqui clamando em frente aos quartéis para que seja feito algo. Que mancada, hein. Péssimo exemplo. Parece que riem na cara do povo”, escreveu no Twitter um discípulo da família.
Outro escreveu: “No Catar? Enquanto os brasileiros estão debaixo de chuva se manifestando, enfrentando tudo e a todos? Não deveria estar no Congresso lutando pelo povo? Depois cai em descrédito e não sabe por quê!”. E outro, ainda mais revoltado:
“Lamentável a sua postura em meio ao caos, hein, Eduardo? O povo debaixo de sol e chuva na frente dos QGs lutando pelo país, teu pai acabado, chorando em discurso, e vocês aí no Catar, vendo a Copa do Mundo? Lamentável demais.”
Não é a primeira vez, e nem será a última, que Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado federal reeleito, que se diz amigo do ex-presidente Donald Trump e que ambicionou ser embaixador do Brasil em Washington, decepciona o próprio pai.
Em 2 de fevereiro de 2017, candidato a presidente da Câmara dos Deputados, Bolsonaro deu-se conta da ausência de Eduardo. Bolsonaro sabia que não tinha a mínima chance de se eleger, mas lançou-se candidato só para ocupar espaço na imprensa.
Eduardo, o Zero 3, estava no exterior. O fotógrafo Lula Marques flagrou uma troca de mensagens entre os dois. Bolsonaro teve apenas quatro votos para presidente da Câmara.
Bolsonaro: “Papel de filho da puta que você faz comigo”.
Bolsonaro: “Tens moral para falar do Renan? Irresponsável”. (Referia-se a Jair Renan, o Zero 4)
Bolsonaro: “Mais ainda, compre merdas por aí. Não vou te visitar na Papuda”. (Papuda é a penitenciária de Brasília)
Bolsonaro: “Se a imprensa te descobrir aí, e o que está fazendo, vão comer seu fígado e o meu. Retorne imediatamente”.
Eduardo: “Quer me dar esporro, tudo bem. Vacilo foi meu. Achei que a eleição só fosse semana que vem. Me comparar com o merda do seu filho, calma lá”. (O merda era Jair Renan)
Bolsonaro nunca revelou onde Eduardo estava, o que fazia, e por que poderia ser preso se fosse descoberto. Flávio, senador, o Zero 1, não dá tantas preocupações ao pai, a não ser quando vai à compra de imóveis pagando com dinheiro vivo.
Carlos, vereador, o Zero 2 e o mais instável dos filhos, preocupa Bolsonaro. Ele responde a processos que poderão levá-lo a ser preso por decisão de qualquer juiz da primeira instância. Esse é o principal motivo do desespero em que vive Bolsonaro.