BRASIL

Caminhos da Reportagem mostra efeitos do garimpo na Terra Yanomami

Programa será exibido no domingo às 22h na TV Brasil

Uma crise humanitária devastou a Terra Indígena Yanomami. A invasão do garimpo proibido no local levou doenças, deixou um rastro de desnutrição e provocou a morte de indígenas.

“Eu sou daqui e nunca vi a situação que estamos enfrentando”, revela o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana, Junior Kekurari Yanomami.

Com quase 10 milhões de hectares distribuídos pelos estados do Amazonas e de Roraima, a Terra Indígena Yanomami é a maior do mundo. Um dos pontos mais povoados fica na fronteira do Brasil com a Venezuela. E foi nessa região que a prática ilegal ganhou força nos últimos anos.

Um relatório da Hutukara Associação Yanomami mostra que o garimpo cresceu 46% entre 2020 e 2021, e 3.350% de 2016 a 2020. Além de espalhar doenças e mortes, a invasão derruba mata nativa e polui rios.

“Com aquela quantidade de sedimento que eles estão desbarrancando e jogando dentro dos rios, a água perde a capacidade de deixar passar a luz. Outra consequência é a contaminação por mercúrio. O peixe come a alga que está impregnada com aquilo e a gente come o peixe. É um ciclo de contaminação biocumulativo”, explica o professor de Geologia da Universidade Federal de Roraima (UFRR) Carlos Eduardo Vieira.  

O programa Caminhos da Reportagem deste domingo ouviu indígenas, profissionais de saúde, juristas, professores e políticos para fazer uma radiografia da crise humanitária que atingiu o coração da Amazônia.

Em um dos trechos mais emocionantes do programa, indígenas, médicos e enfermeiros salvam a vida de um bebê Yanomami de apenas dois meses.   

“Eu costumo dizer que a gente não consegue desligar a chave de ser médico, então a gente tem que estar sempre pronto para ajudar”, diz o tenente Márquez, médico do Exército.

Você estando em campo, você sofre um pouco mais, você se choca um pouco mais, né?”, conta o enfermeiro Marcos Fonseca. 

“Em 2020, a gente teve 1.800 casos de malária em uma população de 900 pessoas. São cerca de dois casos por pessoa em um ano. E isso tem relação direta com o garimpo”, denuncia a advogada do Instituto Socioambiental, Juliana Batista.

Para mudar esse quadro, o governo federal promove, desde o dia 20 de janeiro, uma operação na Terra Indígena Yanomami. “É preciso combater a raiz, que é o garimpo ilegal. Não é possível que 30 mil indígenas Yanomami sigam convivendo com 20 mil garimpeiros dentro do seu território”, lembrou a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.

O episódio também traz uma entrevista exclusiva com um dos garimpeiros que invadiu o território. Ele conta como é o dia a dia no garimpo, fala da busca pelo ouro e admite saber que a prática dentro da reserva é ilegal.

Além de retirar e punir os invasores, é preciso recuperar o meio ambiente, a saúde e a rotina dos indígenas. “Meu sonho é ver as comunidades crescendo, as crianças fazendo rituais, caçando, pescando, ter escolas e assistência de saúde”, explica Junior Kekurari Yanomami.

O Caminhos da Reportagem: Yanomami – o direito de existir vai ao ar neste domingo (5) às 22h, na TV Brasil.

Via Agência Brasil

Postagens relacionadas

Brasileiro: Flamengo e Botafogo disputam clássico no Maracanã

Paulo Apurina

Ministério dos Povos Indígenas pede veto de projeto do marco temporal

Paulo Apurina

Inep divulga gabaritos das provas reaplicadas do Enem 2021

Paulo Apurina
WP2Social Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
Verified by MonsterInsights