SAÚDE

Conferência Municipal de Saúde Mental vai gerar propostas para atenção psicossocial em Manaus

Usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), trabalhadores e gestores em saúde deram início, nesta terça, 19/4, à construção de propostas de políticas públicas durante a II Conferência Municipal de Saúde Mental. O evento, que segue até a quarta-feira, 20, promove um debate entre diversos atores desse segmento, para apontar desafios e sugerir melhorias na Rede de Atenção Psicossocial.

A Conferência está sendo promovida pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS/Manaus) e Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), com apoio do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia). Nessa edição, o evento recebeu 805 inscrições para as 340 vagas ofertadas (25% de gestores, 25% de trabalhadores e 50% de usuários do SUS), além das 60 vagas para convidados e Comissão Organizadora.

Durante a abertura do evento, na manhã desta terça, o secretário municipal de Saúde, médico Djalma Coelho, afirmou que o cuidado com a saúde mental da população está entre as prioridades da atual gestão, inclusive na construção de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

“O prefeito David Almeida, desde a gestão da médica Shádia Fraxe à frente da Semsa, já deixou as obras prioritárias. Dois CAPSs serão entregues ainda neste ano, sendo um no Parque Mosaico e outro no residencial Viver Melhor. Está prevista, ainda, a entrega de mais três CAPSs em 2023, e dois em 2024. Então, esses sete serão somados aos cinco já existentes, dos quais um é gerido pelo Estado”, disse.

Segundo Djalma, a estratégia da Semsa consiste em ter 12 CAPSs em funcionamento na cidade até o final da atual gestão, para que cada distrito de saúde disponha do atendimento nas três modalidades adotadas: Adulto, Infantojuvenil e Álcool e Drogas. A necessidade de ampliar a cobertura territorial dessas unidades é um dos pontos a serem discutidos durante o evento.

“A conferência é uma ferramenta de desenvolvimento de políticas públicas voltada para a saúde mental, e de extrema importância porque ela tem a participação de todos, inclusive do componente principal, que são os usuários. A gente acredita que esse tipo de construção é mais sólido, pois podemos chegar na raiz dos problemas e enfrentá-los”, reforçou o secretário.

A II Conferência Municipal de Saúde Mental é realizada de forma híbrida, com participantes on-line e outros reunidos em unidades do CAPS. Pela manhã, a vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Mental, Ana Paula Guljor, ministrou a palestra magna, com o tema “A Política Mental como Direito: pela defesa do cuidado em liberdade, rumo a avanços e garantia dos serviços de atenção psicossocial no Sistema Único de Saúde (SUS)”.

A programação teve continuidade pela tarde com palestras voltadas a quatro eixos temáticos do evento: cuidado em liberdade como garantia de direito à cidadania; gestão, financiamento, formação e participação social na garantia de serviços de saúde mental; política de saúde mental e os princípios do SUS: universalidade, integralidade e equidade; impactos na saúde mental da população e os desafios para o cuidado psicossocial durante e pós-pandemia.

O presidente do CMS/Manaus, conselheiro Jorge Carneiro, informou que os participantes irão compor Grupos de Trabalho (GTs) para discutir e apontar políticas públicas voltadas para o tema durante os dois dias de evento.

“As propostas serão encaminhadas para a plenária final, para serem aprovadas como da cidade de Manaus para a etapa estadual e nacional da conferência. Além disso, os participantes também poderão discutir propostas especificamente para o âmbito municipal, que deverão ser seguidas pela Semsa no sentido da construção da política pública de saúde mental”, explicou.

Contribuições

A gerente da Rede de Atenção Psicossocial da Semsa, psicóloga Efthimia Haidos, afirmou que a conferência trará grandes contribuições para a tomada de decisões e atendimento aos usuários, uma vez que as estratégias são discutidas e construídas pelo coletivo.

“Nós tivemos um aumento de pessoas que adoeceram ou estão em sofrimento psíquico devido todo esse cenário de pandemia da Covid-19 que nós vivenciamos. Então, enquanto gestora, penso que o nosso desafio se torna ainda maior, e a Semsa vem caminhando para que cada vez mais serviços sejam implantados”, disse.

O conselheiro da CMS/Manaus, Setenberg Rabelo, representante do segmento de usuários, lembrou que o primeiro CAPS de Manaus foi idealizado durante a primeira edição da Conferência Municipal de Saúde Mental, em 2010. Para ele, a perspectiva é que essa segunda conferência contribua com a ampliação da rede de atenção psicossocial.

“A gente acredita que o atendimento em saúde mental tem que ser construído de forma intersetorial, porque a loucura não produz somente medos e preconceitos, mas também produz arte, criatividade, geração de emprego e renda. Nos CAPSs, por exemplo, nós já tivemos vários destaques de empreendimento”, ressaltou.

CAPS

A agricultora Jeane Assunção de Moraes, usuária da Atenção Psicossocial, acompanhou o primeiro dia da conferência no CAPS III Benjamin Matias Fernandes (CAPS Sul). Ela recebe atendimento multidisciplinar contra depressão, síndrome do pânico e ansiedade, e espera que as atividades tragam melhorias para esse público.

“Eu faço tratamento, tomo os meus remédios, e aprendo sobre a minha situação de saúde. Eu melhorei muito graças a Deus, aos profissionais do CAPS, família e amigos, porque tudo isso é importante. Nós não temos que ser excluídos, temos que ser incluídos e acompanhados”, disse.

O aposentado Washington Luís, cuja filha recebe tratamento contra esquizofrenia através da Rede de Atenção Psicossocial do Município, comemorou a recuperação dela.

“Hoje ela está estudando, tirando boas notas na escola, e pensa em se formar. É uma alegria muito grande, porque quando a pessoa tem um familiar com esse tipo de enfermidade, a gente adoece junto também, e a partir do momento em que o tratamento é adequado, a família se recupera junto da paciente”, contou.

A diretora do CAPS Sul, fisioterapeuta Gabriela dos Santos, explica que a unidade atende mais de 2 mil pessoas, atualmente. O objetivo é dar suporte médico e social para que os pacientes possam se organizar e, independentemente da patologia, ter uma vida autônoma e independente.

“Eles fazem acompanhamento com uma equipe multidisciplinar e integram diversos grupos terapêuticos durante o tratamento. O CAPS conta com oficinas de esportes, relaxamento, terapia ocupacional, psicoterapia, nutrição, entre outros. Algumas atividades, como o grupo de psicoeducação, também são ofertadas aos familiares dos pacientes, que desempenham papel fundamental na recuperação”, informou.

Fonte: Semsa

Foto: Divulgação

Postagens relacionadas

Prefeitura alerta usuários com lotes liberados no ‘Leite do Meu Filho’ sobre prazo para ativação do cadastro

Paulo Apurina

Visa Manaus tem encontro em universidade para discutir parcerias

Jamil Maciel

Câncer do colo do útero e pobreza menstrual são temas de palestra nos centros de assistência social da Prefeitura de Manaus

Paulo Apurina
WP2Social Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
Verified by MonsterInsights