BRASIL POLÍCIA

Deputado Estadual é preso em Boa Vista-RR

Parlamentar é suspeito de ser mandante do sequestro do jornalista Romano dos Anjos, ocorrido em outubro de 2020. Sete policiais militares foram presos em agosto na operação Pulitzer, que investiga o crime

deputado estadual Jalser Renier (Solidariedade) foi preso nessa sexta-feira (1º) no escritório dele, no bairro Canarinho, zona Norte de Boa Vista. O parlamentar é investigado por suspeita de ser mandante do sequestro do jornalista Romano dos Anjos.

O mandado de prisão preventiva contra Jalser foi expedido pela juíza convocada Graciete Sotto Mayor Ribeiro, relatora do processo. Procurada, a assessoria do parlamentar ainda não pronunciou sobre a prisão. Além dele, também foram presos outros três suspeitos do crime (veja abaixo quem são).

A ordem foi cumprida pelo promotor de Justiça Isaías Montanari Junior e pelo delegado da Polícia Civil, João Evangelista, durante a Operação Pulitzer II. A ação foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Quando o Gaeco chegou no escritório, por volta das 14h, o parlamentar não estava no local. Jalser Renier chegou pouco depois e o mandado contra ele foi cumprido. A casa da mãe do parlamentar fica do lado do escritório. Também foi cumprido mandado de busca e apreensão e outros três de prisão preventiva nesta fase da operação.

Os agentes ficaram estão no local por cerca de três e houve uma intensa movimentação de viaturas da PM e Civil. Do lado de fora, foram ouvidos gritos exaltados do parlamentar falando que “isso é um abuso”.

Nesta fase da operação Pulitzer também foram presos dois coronéis da PM: Natanael Felipe de Oliveira Júnior e Moisés Granjeiro de Carvalho; e o sargento da PM Bruno Inforzato Oliveira Gomes. O g1 tenta contato com a defesa dos militares.

Durante a ação, as ruas no entorno do escritório do deputado foram fechadas. Participaram agentes do Gaeco, órgão do Ministério Público de Roraima, da Polícia Militar e Polícia Civil.

Por volta das 15h30, um homem que se identificou como “‘tio do Jalser” chegou no local e, antes de ele entrar no escritório, houve uma rápida confusão com a imprensa porque ele não queira ser filmado.

No escritório foram apreendidos um computador e um celular. O parlamentar deixou o local por volta das 17 horas em uma viatura do Batalhão de Operações Especiais (Bope).

Em setembro, sete policiais militares entre eles, um coronel aposentado e um major, foram presos na operação Pulitzer. A maioria dos militares investigados trabalhavam para o deputado Jalser que, na época do sequestro, era presidente da Assembleia Legislativa de Roraima.

Romano dos Anjos foi sequestrado de casa na noite do dia 26 de outubro do ano passado e localizado vivo, com braço quebrado e lesões nas pernas, na manhã do dia seguinte.

Mandante de sequestro

Jalser Renier foi apontando pelo delegado João Evangelista como mandante do sequestro do jornalista Romando dos Anjos. O crime foi em outubro de 2020, em Boa Vista.

O delegado afirma que “como mandante, a apuração identificou indícios do envolvimento do deputado estadual JALSER RENIER, Presidente da ALE/RR à época dos fatos”.

As apurações preliminares sobre o sequestro e tortura do jornalista apontaram para provável crime “motivado por vingança ou represália ao modo de atuação jornalística, tendo em vista que a vítima realizou diversos ataques e críticas ao trabalho do então presidente da Assembleia Legislativa, Jalser Renier.”

“Conforme levantamentos realizados em redes sociais, arquivos da imprensa e registros da mídia em geral, Romano dos Anjos tornou-se uma ‘pedra no sapato’ do parlamentar estadual Jalser Renier e as críticas do jornalista se acentuaram no período de setembro e outubro de 2020, em programas de rádio e tv”, diz trecho do inquérito.

No inquérito, o delegado afirma que Jalser Renier também liderava uma organização criminosa dentro da Assembleia Legislativa, com participação, em grande parte, de policiais militares conhecedores de técnicas policiais e de inteligência policiais. Eles eram lotados na Casa.

Em novembro, cerca de um mês após o sequestro do jornalista, Jalser Renier ameaçou o governador do estado, Antonio Denarium (PP), para que ele barrasse as investigações, segundo o presidente da Assembleia Legislativa de Roraima, deputado Soldado Sampaio (PCdoB).

O episódio foi confirmado pelo governador. Soldado Sampaio, que à época era chefe da Casa Civil de Denarium, prestou depoimento sobre a ameaça ao MPRR.

Caso Romano dos Anjos

O sequestro do jornalista Romano dos Anjos, de 40 anos, ocorreu na noite do dia 26 de outubro. Ele foi levado de casa no próprio carro. O veículo foi encontrado pela polícia queimado cerca de uma hora depois.

Ele teve as mãos e pés amarrados com fita e foi encapuzado pelos suspeitos. Romano passou a noite em uma área de pasto e dormiu próximo a uma árvore na região do Bom Intento, zona Rural de Boa Vista. Na manhã do dia 27, ele começou a andar e foi encontrado por um funcionário da Roraima Energia.

O delegado Herbert Amorim, que conversou com o jornalista no trajeto do local onde foi encontrado até o Hospital Geral de Roraima (HGR), disse que depois de ter sido abandonado pelos bandidos, Romano conseguiu tirar a venda dos olhos com o braço e soltar os pés.

No HGR, ele relatou aos médicos ter sido bastante agredido com pedaços de pau.

No dia, a Polícia Civil afirmou, em coletiva à imprensa, que ele poderia ter sido vítima de integrantes de facção. No entanto, a polícia não descartou outras linhas de investigação, como motivação política ou por Romano trabalhar como jornalista de um programa policial.

Quatro dias após o sequestro, o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), foi até a Polícia Federal pedir que a instituição investigasse o crime, afirmando que o jornalista havia citado ele e um senador no depoimento à Polícia Civil.

No dia 28 de janeiro, a Polícia Federal em Roraima divulgou nota à imprensa. O pedido para instauração de inquérito “foi indeferido, não se verificando elementos que subsidiassem eventual atribuição da Polícia Federal no caso.”

O sequestro era investigado pela Polícia Civil numa força-tarefa, que prorrogou o trabalho por ao menos três vezes. O inquérito corre em segredo de Justiça.

Este ano, no dia 16 de setembro, foi deflagrada a operação Pulitzer, onde foram presos os sete investigados e cumpridos 14 ordens de busca e apreensão expedidos pela Justiça.

Via G1

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