BRASIL POLÍCIA

Funai NÃO AUTORIZOU e CGU DESAUTORIZOU indigenista a atuar como consultor da Univaja

Órgão de fiscalização do governo federal alertou sobre “conflito de interesses” em consultoria de Bruno Pereira

Quatro meses antes de desaparecer ao lado do jornalista britânico Dom Phillips, o indigenista brasileiro Bruno Pereira foi desautorizado pela Controladoria-Geral da União (CGU) a atuar como consultor em projetos da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). A entidade concluiu que, por ser funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai), a presença de Pereira em uma entidade privada poderia representar conflito de interesses. A consulta à CGU foi feita pelo próprio indigenista ainda em fevereiro de 2020, mas só foi respondida dois anos depois, em fevereiro passado, quando ele já atuava em nome da entidade.

Ao consultar a CGU, Bruno Pereira informou que pretendia trabalhar na Univaja e na Nia Tero Foundation, uma organização dos Estados Unidos ligada a questões indígenas, entre outras funções na implementação de projetos para capacitar as comunidades em questões relacionadas à terra. Ele alegou que poderia atuar nesses projetos porque “não lida ou tem acesso a informações sigilosas ou privile. Bruno Pereira abriu uma empresa, a Bruno Pereira Consultorias Socioambientais, em 2020, cuja sede foi registrada no endereço residencial onde ele morou em Brasília.

“O senhor Bruno da Cunha Araújo Pereira, agente de Indigenismo da Fundação Nacional do Índio – Funai – não deve ser autorizado a atuar como consultor em projeto da União dos Povos Indígenas do vale do Javari (Univaja) e Nia Tero Foundation, sob risco de incorrer na situação de conflito de interesses”, disse a CGU ao analisar o caso. O órgão detectou ainda a atuação do indigenista em outras atividades privadas e disse que caberia à Funai detectar eventual violação ética e disciplinar do servidor.

SEM AUTORIZAÇÃO DA FUNAI

Pereira e Phillips navegavam da comunidade de São Rafael rumo à Atalaia do Norte em uma expedição em aldeias da região quando desapareceram no último dia 5 e foram encontrados mortos.

20/01/2016: ÍNDIOS MATIS OCUPAM PRÉDIO DA FUNAI EM ATALAIA DO NORTE APÓS RETIRAREM COORDENADOR À FORÇA

O coordenador Bruno Pereira foi retirado à força do prédio da Funai no município por indígenas armados (Reprodução/Blog Jambo Verde)

Insatisfeitos com a atual coordenação da Fundação Nacional do Índio (Funai) no município amazonense de Atalaia do Norte (a 1.138 quilômetros da capital Manaus), aproximadamente 100 indígenas das etnias Matis, Marubo e Kanamari, dentre outras, ocuparam a sede da órgão na manhã desta terça-feira (19). Os indígenas chegaram a retirar forçadamente o coordenador da unidade, Bruno Pereira, do qual pedem a exoneração do posto.

A informação foi confirmada por um dos integrantes do Movimento dos Povos Indígena do Vale do Javari, Manoel Chorimpa. Segundo ele, durante toda a tarde desta terça-feira, os manifestantes participaram de um reunião para definir um nome que possa ser indicado para assumir a coordenação no município. Nesta quarta-feira, os indígenas devem concluir o documento com a indicação de alguém para assumir o cargo.

O documento será encaminhado à sede nacional da Funai, em Brasília, ainda nesta quarta. “A insatisfação vem desde o ano passado, quando houve um conflito entre as etnias Matis e Korubo. Os Matis pediram para que a Funai monitorasse as aldeias deles, por estarem sendo intimidados pelos Korubo, mas nada foi feito”, explicou Chorimpa.

Por enquanto, os indígenas continuam ocupando a sede da Funai no município e só pretendem sair quando o novo coordenador for escolhido. A reportagem de A CRÍTICA tentou contato com o coordenador, mas ele não atendeu as ligações da equipe.

A coordenação regional do Vale do Javari, com sede no município de Atalaia do Norte, tem sob sua jurisdição seis Coordenações Técnicas Locais (CTLs), trabalhando especificamente com os povos Matis, Mayuruna e Marubo.

Via Veja e Amazônia

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