O político relatou que durante a prisão ele teve tempo suficiente para destrinchar o processo da Operação Maus Caminhos e contou alguns detalhes em entrevista
Com vistas à disputa do cargo de deputado estadual no pleito de 2022, o ex-governador do Amazonas José Melo (PROS) quebrou o silêncio que já mantinha há quatro anos, desde que foi cassado e preso em 2017. Em entrevista ao programa Cara a Cara no Portal CM7, da empresária Cileide Moussallem, ele defendeu sua inocência, e disse que não era integrante da quadrilha que desviou dinheiro da saúde do Amazonas criada, segundo a PF, na gestão o ex-governador e atual senador, Omar Aziz.
José Melo conta que durante a prisão ele teve todo tempo para destrinchar o processo da Operação Maus Caminhos e contou alguns detalhes na entrevista, afirmando nas entrelinhas que a responsabilidade era do cabeça da chapa, ou seja, Omar Aziz.
“Eu dentro da minha cela fui estudar o processo e vi todas as reentrâncias e saliências daquele processo. As citações da PF ao meu respeito nesse processo eram assim: ‘a quadrilha era forma a época em que era governador (Omar Aziz), José Melo de Oliveira era vice e não consta no processo nenhum indicativo que ele tenha feito parte da formação da quadrilha’. Ai pegaram mais umas mensagens do Mouhamad Moustafa dizendo que havia acabado de sair da casa do governador (Omar Aziz)”, contou.
Melo também relatou que ficou sabendo quem era o médico Mouhamed Mustafa, acusado de chefiar um esquema de corrupção que desviava dinheiro da saúde do Amazonas, quando era vice-governador e que o estado, na época era comandado por Omar Aziz.
“O Mouhamad Moustafa eu só soube depois, disseram-me que ele era um médico de muitas qualidades e que ele foi o intensivista que levou a dona Delphina Aziz [mãe de Omar Aziz] para São Paulo quando ela teve um AVC e a trouxe depois”, relatou.
“Mas isso foi antes do seu governo, então foi na gestão do Omar Aziz. Para as pessoas entenderem o vice-governador não manda muito, a caneta fica na mão do governador e quem tinha poder para contratar as empresas, no caso a do Moustafa, era o Omar Aziz”, contextualizou Cileide Moussallem na entrevista.
“Eu não fiz parte da quadrilha que desviou dinheiro da saúde. A citação do processo da Polícia Federal (PF) constava que a quadrilha foi criada na gestão do governador (Omar Aziz) quando eu era vice”, disse.
“Consta nos autos que a quadrilha foi formada na época em que eu era simplesmente o vice-governador, não consta no processo nenhum indicativo que tenha dela participado, quando eu assumi o governo os três centros de saúde onde o Mouhamad Moustafa e as empresas dele estavam já estavam funcionando. […] Eu as herdei e ai que fui saber que a Secretaria de Saúde tinha 630 contratos”, completou.
De acordo com José Melo após assumir o comando do estado não tinha como saber os erros cometidos pela gestão passada.
Questionado sobre o fato de Omar Aziz não tê-lo ajudado no momento mais difícil, Melo respondeu com uma metáfora. “Eu e essas pessoas (Omar Aziz e Eduardo Braga) fomos durante muito tempo o rio Negro e o Solimões que se juntaram para formar o Amazonas, do ponto de vista político. Hoje nós somos óleo e água, não nos misturamos nunca mais. No entanto, quem virá a julgar essas pessoas é a justiça e Deus. Eu já paguei um preço alto pelo que não fiz”, declarou.
Melo também disse que o senador Eduardo Braga (MDB), ao arquitetar sua queda, acabou fazendo com que o grupo político que eles faziam parte esfacelasse nas eleições seguintes.
Entrevista com o ex governador do estado do Amazonas, José Melo
Texto: AM Post