SAÚDE

Médicos e enfermeiros são capacitados para diagnóstico e tratamento da hanseníase

A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), iniciou, nesta segunda-feira, 4/11, mais uma turma do Curso Básico em Hanseníase para Atenção Primária, com o objetivo de reforçar a qualificação de médicos e enfermeiros para o diagnóstico precoce e tratamento da doença. Em 2024, o município de Manaus registrou 76 casos novos da doença.

A programação segue até quinta-feira, 7/11, no Complexo de Saúde Oeste, localizado no bairro da Paz, zona Oeste, das 8h às 12h, e reúne 30 profissionais que atuam em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) nas zonas Leste, Oeste, Sul e Norte de Manaus.

O curso faz parte das ações de Educação Permanente, e no primeiro semestre outros 68 profissionais da Semsa participaram do treinamento, divididos em duas turmas. A capacitação também foi realizada para profissionais que atuam nas Unidades Prisionais e no atendimento à Saúde Indígena.

De acordo com a técnica do Núcleo de Controle da Hanseníase da Semsa, enfermeira Eunice Jácome, a capacitação foi personalizada não somente para fortalecer o conhecimento sobre hanseníase, abordando conceitos, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado dos pacientes, mas também para destacar a importância de conscientizar a população e os profissionais de saúde sobre a continuidade da existência da hanseníase, já que muitos acreditam que a doença foi erradicada.

“Há uma percepção errônea de que apenas a Fundação Alfredo da Matta, referência estadual, deveria tratar a doença. O curso, portanto, visa corrigir esses equívocos e preparar os profissionais para suspeitar de casos de hanseníase, permitindo que o paciente receba acompanhamento em uma UBS próximo de sua residência”, afirmou Jácome.

A programação do curso, que tem carga horária de 16 horas, inclui temas como: Panorama epidemiológico da hanseníase; Conceito, Transmissão, Classificação Clínica e Operacional; Tratamento; Diagnóstico das reações hansênicas; Diagnóstico Diferencial; Exame físico na hanseníase; Teste de sensibilidade (térmica, tátil e dolorosa); Casos clínicos; Sistemas de Informação e impressos; Investigação de contatos domiciliares e sociais do paciente para detecção de casos suspeitos; Teste rápido; Fluxo e rotinas do Programa de Controle da Hanseníase; Avaliação da função neural, grau de incapacidade e Escore OMP (face, mãos e pés).

Precoce

Para a médica dermatologista Laísa Hollanda, que faz parte da equipe que conduz o curso, o objetivo principal é orientar os profissionais para que possam obter um diagnóstico precoce da hanseníase, evitando que o paciente desenvolva sequelas da doença.

“A hanseníase é uma doença que pode acometer a pele e os nervos, principalmente nervos periféricos (mãos e pés), e que apresenta uma grande variedade de sinais e sintomas clínicos. E quando conseguimos diagnosticar a doença o quanto antes, estamos prevenindo sequelas, especialmente da parte neurológica, que pode ter um comprometimento mais agressivo se não for tratada de forma precoce”, alertou a médica.

A médica Larissa Pessoa de Oliveira, que ingressou na Semsa por meio do programa Mais Médicos e atua na UBS Amazonas Palhano, no bairro São José, na zona Leste, é uma das participantes do curso e afirmou ter alta expectativa para o aprendizado sobre a hanseníase.

“Na demanda da UBS, atendemos muitos pacientes com lesão cutânea, e o Amazonas tem um destaque em relação aos diagnósticos de hanseníase. Então, temos que ter sempre atenção quando estamos diante de uma paciente com alguma lesão na pele e suspeitar da doença. Eu estou acompanhando dois pacientes com hanseníase na UBS e é importante participar do curso para atualizar as informações clínicas e aprofundar o tema”, destacou Larissa.

Bacilo

A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pelo Mycobacterium leprae, também conhecido como bacilo de Hansen. A transmissão ocorre de uma pessoa infectada pelo bacilo (sem tratamento) para uma pessoa sadia, por meio de gotículas de saliva eliminadas na fala, tosse ou espirro. As chances de transmissão são maiores quando o contato com a pessoa doente é próximo e prolongado, em ambientes fechados, com pouca luz e pouca ventilação.

Os sintomas neurológicos iniciais da hanseníase são: dormência, formigamento, sensação de choque elétrico, sensação de queimação na pele e câimbras. Os sintomas dermatológicos incluem as manchas (brancas, avermelhadas ou amarronzadas), áreas dormentes da pele com diminuição de pelos ou de suor.

No ano passado, houve o registro de 101 casos novos da doença em pessoas residentes em Manaus.

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