Os humanos possuem uma tendência a associar relações de causa e efeito afim de criar atalhos para decodificar as informações no ambiente de maneira mais rápida e predispor a reação de acordo com essas relações, esse conceito é chamado de Heurística.
Entretanto, existe um processo mental que fazemos de associação entre causa e efeito cujo a relação é baseada em falsas premissas, ou, sem que tenham influência direta entre as variáveis.
Por exemplo, imagine que seu gás de cozinha está acabando e você está sem dinheiro pra comprar, desesperado, você lembra que alguma vez viu em algum lugar que se inclinar a botija levemente, o gas perdura por mais tempo. Imediatamente você se dirige até a gozinha, vai na botija e inclina ela levemente na parede e continua a usar o fogão na esperança de que dure até você conseguir dinheiro. Com essa atitude cria-se uma sensação de que realmente aquilo está a funcionar, sem questionar, ou testar experimentalmente a “economia” feita.
A correlação nesse exato momento é: “botija inclinada faz o gás durar mais”.
No mês seguinte você compra a botija cheia e a coloca inclinada com o intuito de perdurar o uso, mas dessa vez a botija dura bem menos do que a última, confuso, você se pergunta o motivo, já que a correlação anterior iria entrar em contradição com o que você acabou de perceber.
A próxima correlação a ser criada é: “a botija inclinada faz o gás durar menos, pois eu a inclinei quando ela estava cheia e em comparação com a ultima vez, ela durou bem menos.”
Onde está o erro?
A relação entre gás e uso do fogo é correta, mas a relação do gás e a inclinação da botija não, pois a inclinação não afeta na economia ou desaproveitamento da botija.
A correlação ilusória é uma tendência que temos a correlacionar duas variáveis sem que estas tenham relação alguma e geralmente nos faz enviesar pensamentos e inclusive a imagem que temos de outras pessoas. Outro exemplo seria perguntar a qualquer manauara o que são dois homens de moto entrando em uma rua e a resposta seria ASSALTO.
Embora muitas pessoas tenham sido assaltadas por dois homens em uma moto, isso não infere que “todas as motos com dois homens são assaltantes”.
O conceito de correlação ilusória é bastante presente na decodificação de estereótipos sociais que são muito presentes no nosso dia-dia.
A correlação ilusória pode se apresentar no nosso dia-dia de forma positiva ou negativa quando se trata de esteóripos,
Como por exemplo negativamente:
- Todo padre é pedófilo
- Todo pastor evangélico que roubar o dízimo
- Todo militar é miliciano
- Pedir dinheiro no sinal é pra usar drogas.
Ou positivamente:
- Todo padre é digno de confiança.
- Todo pastor evangélico tem sua moralidade inquestionável
- Todo militar é eticamente correto
- Pedir dinheiro no sinal é pra sustentar a família.
Essas percepções, tanto positivas quanto negativas são extremamente distorcidas e generalistas, perceba bem, tais aferições sempre partem de um caso ametódico (isolado) vivenciado pela pessoa que afere ou de alguma história contada que foi vivenciada por outra pessoa, ou porque você viu em algum jornal o emprego desse tipo de correlação.
Quando generalizamos um caso isolado para aferir à toda uma categoria, classe, raça, gênero, estamos empregando a correlação ilusória.
E como fazemos para evitar a correlação ilusória?
Sabendo separar o joio do trigo.
Filtrar as correlações com base na idiossincrasia de cada individuo e não enquadrá-los em categorias e generalizá-las. Podendo então modificar o tipo de aferição:
- Todo padre é pedófilo para Aquele homem, pedófilo, também é padre.
- Todo pastor evangélico que roubar o dízimo para Aquele homem, que é pastor, rouba o dizimo.
- Todo militar é eticamente correto para Aquele militar tem uma postura ética.
- Pedir dinheiro no sinal é pra usar drogas para Este homem pode estar pedindo dinheiro para usar drogas.
É claro, quando saímos do sistema automático de heurística e tentamos modifica-la para fazer jus a realidade e evitar a correlação ilusória, teremos mais trabalho mental, entretanto, com o aumento da capacidade de cair em premissas que muitas vezes assumem falsas sucessões nos impede de ter a capacidade de reagir ao fato sem ocorrer dissonâncias cognitivas.