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Força-tarefa secreta perseguiu bolsonaristas, aponta documento

Segundo investigação internacional, até postagens em redes sociais foram usadas como justificativa para prisões

Uma nova leva de documentos vazados, revelados pelo jornalista americano Michael Shellenberger, e conduzida pelos jornalistas e pesquisadores David Ágape, Eli Vieira Jr. e editada por Alex Gutentag, traz à tona alegações que o Supremo Tribunal Federal (STF) usou ilegalmente postagens de redes sociais para prender manifestantes e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Segundo os documentos denominados “Arquivos do 8 de Janeiro”, uma força-tarefa de inteligência secreta foi formada com o objetivo de identificar e manter presos manifestantes após a invasão dos prédios dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023 – mesmo os que não teriam cometido atos violentos.

Entre os principais pontos revelados pelos arquivos, estão:

  • A existência de um grupo secreto no WhatsApp que teria coordenado a produção de “certidões de inteligência” para incriminar suspeitos;
  • A detenção prolongada de manifestantes enquanto suas redes sociais eram vasculhadas por evidências de discurso político;
  • A utilização de discursos e postagens online como prova criminal, em vez de ações concretas;
  • A negação de acesso de advogados de defesa aos materiais probatórios;
  • O uso de um banco de dados biométrico supostamente sem respaldo legal para identificar e localizar suspeitos.

A investigação aponta que:

“Moraes, servindo aos interesses de Lula, contornou a lei para efetivamente criminalizar o discurso político. Sua repressão judicial excessiva contra os manifestantes ajudou a legitimar a narrativa de que o 8 de janeiro foi uma “tentativa de golpe” coordenada – uma narrativa central para o processo em andamento do tribunal contra Bolsonaro”.

Na rede social X, antigo Twitter, Ágape destaca que há casos absurdos nas prisões e lembra que os critérios para manter alguém preso incluíam seguir páginas de direita, criticar Lula ou o STF, ou postar algo em apoio aos protestos.

O jornalista afirma ainda que está arriscando tudo, a carreira, a segurança e a liberdade dele para divulgar os documentos.

Veja abaixo a nota completa:

“Hoje, estamos publicando a continuação da Vaza Toga. Aquela mesma que foi revelada por Glenn Greenwald e Fábio Serapião na Folha de S.Paulo — e que, depois de algumas reportagens, simplesmente parou. Sim, finalmente vocês vão parar de me perguntar o que aconteceu com o restante dos tais 6 gigas de arquivos.

Esses são documentos que ninguém quis publicar. Ofereci a diversos grandes veículos de imprensa — todos recusaram. Alguns elogiaram o trabalho, reconheceram sua importância, mas disseram que era “perigoso demais”. Agora, retomo a parceria com @EliVieiraJr Vieira e com o jornalista americano @shellenberger — a mesma equipe do Twitter Files Brasil, que revelou ao mundo a censura do Judiciário brasileiro.

Essa nova fase da investigação mostra que o STF criou uma força-tarefa paralela dentro do TSE para investigar e classificar os presos do 8 de janeiro. Utilizaram sistemas sigilosos, violaram bancos de dados internos e vasculharam redes sociais em busca de curtidas, postagens e opiniões políticas — tudo sem ordem judicial, sem contraditório e sem direito à defesa.

Os critérios para manter alguém preso incluíam seguir páginas de direita, criticar Lula ou o STF, ou postar algo em apoio aos protestos. Há casos absurdos. Pessoas mantidas presas mesmo depois da PGR recomendar a soltura. Gente punida por tuítes de 2018 criticando o PT — quatro anos antes das eleições e cinco anos antes dos atos de 8 de janeiro.

Como todo mundo sabe, o inquérito do 8 de janeiro virou um instrumento para perseguir qualquer pessoa de direita. E essa investigação, que levou meses de trabalho silencioso e minucioso, comprova com documentos como isso foi feito. Foram horas de análise, cruzamento de dados, verificação de fontes e entrevistas com pessoas envolvidas. Um trabalho arriscado, difícil, e que exigiu coragem.

Estou arriscando tudo. Tudo mesmo. Minha carreira, minha segurança, minha liberdade. Pensei muito antes de publicar esse material. A decisão mais segura para mim seria não publicar. Fui aconselhado a ficar quieto. Mas como jornalista, eu não posso me calar. Não diante do que descobrimos. E muito menos enquanto ainda houver brasileiros presos ou perseguidos injustamente por causa do 8 de janeiro.

Por isso, peço que você considere apoiar A Investigação. Agradeço profundamente aos que já nos apoiam. É por causa de vocês que isso ainda é possível. E reforço o pedido: se você acredita no que estamos fazendo, nos ajude a continuar.

Eles tentaram enterrar a verdade. Mas a verdade tem um defeito: ela insiste em aparecer. E agora, depois de meses de silêncio, ela está de volta — com força total.”

Via Diário do Poder

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